Animal de estimação e a quimioterapia

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

O animal de estimação muitas vezes já é parte da nossa família. Mantenha seu companheiro por perto durante o tratamento mas fique atento a algumas cuidados a serem tomados.

A importância dos animais durante o tratamento.

Os animais de estimação podem ser uma ótima fonte de conforto e companheirismo durante o tratamento do câncer. Na verdade, estudos mostram que a terapia com animais de estimação pode ter benefícios profundos durante a quimioterapia se forem tomadas precauções apropriadas. Ter um animal de estimação ao seu lado pode diminuir os sentimentos de solidão, promover uma sensação de bem-estar e até reduzir a necessidade de medicamentos contra a dor.

Entendendo as infecções zoonóticas

Nós geralmente não pensamos em pegar doenças de animais de estimação, mas o fato é que cerca de 60% de todas as infecções transmitidas ocorrem entre animais e seres humanos. Chamadas de infecções zoonóticas. São os tipos de doenças que se espalham através de mordidas, arranhões e contato com a saliva ou fezes de animais de estimação e outros animais.

As pessoas submetidas à quimioterapia são mais propensas a essas infecções devido à baixa imunidade induzida pelas medicações. Existem cerca de 30 a 40 organismos infecciosos que podem ser transmitidos de animais para humanos. A maioria desses, tendem a causar apenas doenças somente quando o nosso sistema imunológico está gravemente comprometido.

 

Infecções por gato 

A infecção mais séria relacionada a gato é a toxoplasmose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. A doença é considerada generalizada, com mais de 30% da população com evidência de uma infecção anterior. Embora os sintomas sejam geralmente mais leves a inexistentes em indivíduos saudáveis, pode ser grave naqueles com sistema imunológico comprometido, levando a convulsões, cegueira e encefalite (inchaço do cérebro).

Outra infecção comum relacionada a gato é a bartonelose (febre de arranhões de gato) causada pela bactéria Bartonella henselae. Depois de serem arranhados por um gato infectado, as pessoas podem experimentar sintomas semelhantes aos de mononucleose, incluindo dor de garganta, fadiga e glândulas inchadas no pescoço e / ou axilas.

Os gatinhos são mais propensos a espalhar a doença do que os gatos adultos.

 

Infecções com cães

Tal como acontece com os gatos, seu cão pode inadvertidamente espalhar infecção quando você é arranhado, mordido ou entrar em contato com suas fezes. A exposição a ovos do verme do cão (equinococose) é conhecida por causar uma doença hepática grave. Embora seja raro, acredita-se que mais de um milhão de pessoas tenham sido infectadas em todo o mundo.

Outras infecções podem ser transmitidas por picadas de pulgas de seu animal de estimação, incluindo bartonelose, dermatite alérgica, Yersinia pestis (peste bubônica) e tifo epidêmico.

 

Infecções por aves 

A doença mais comum transmitida por aves é a psitacose, uma infecção causada pela bactéria Chlamydia psittaci. Os sintomas nos seres humanos incluem febre, dor muscular, dor de cabeça, diarreia, fadiga, tosse seca e vômitos.

As aves com psitacose muitas vezes aparecem doentes, com erupção cutânea e secreção ocular.

A bactéria geralmente é disseminada pelo contato com um pássaro doente ou seus excrementos.

 

Infecções causadas por répteis, anfíbios e peixes 

Embora uma manipulação cuidadosa possa prevenir muitas infecções transmitidas por animais de estimação, répteis e anfíbios parecem ser a exceção. A recomendação é que animais de estimação como iguanas, cobras, lagartos, sapos e salamandras sejam completamente evitados durante a quimioterapia.

Os répteis e os anfíbios são conhecidos por abrigar bactérias como a salmonela e o campylobacter, que podem ser facilmente transmitidos pelo toque. Por sua vez, os peixes de aquário podem às vezes levar Mycobacterium marinum, uma doença bacteriana comumente identificada por nódulos na pele do peixe. O contato com o peixe ou o interior do aquário pode passar a infecção para aqueles com sistema imunológico comprometido. Os sintomas incluem a formação de lesões cutâneas chamadas granulomas. Em casos raros, a bactéria pode se espalhar pela corrente sanguínea para infectar outros órgãos.

 

Dicas para evitar infecções causadas por animais de estimação 

Há várias maneiras de evitar infecções de seu amigo:

– Leve seu animal de estimação para o veterinário antes do inicio do tratamento.

– Certifique-se de que seu animal de estimação tomou todas as vacinas.

– Use luvas , ou leva bem as mãos após, quando limpar a caixa de areia, a gaiola de pássaros ou o aquário (ou alguém faça isso).

– Manuseie seu animal de estimação mais gentilmente para evitar arranhões ou mordidas.

– Mantenhas as unhas de cães e gatos cortadas e aparadas

– Evite que seu animal de estimação frequente ambientes potencialmente contaminados, ou entre em contato com outros animais que possam conter doenças.

– Leve seu animal de estimação ao veterinário imediatamente se tiver algum sinal de doença, incluindo vômitos ou diarreia.

       – Evite adotar filhotes nesse período do tratamento, eles são mais propensos a transmitir doenças.

-Mantenha as medicações contra pulga e carrapato atualizadas e faça sempre uma vistoria a procura desses parasitas no seu animal.

 

Fonte: European journal of oncology

 

 

 

 

 

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