Anticoncepcionais e o câncer de mama em jovens

Os anticoncepcionais hormonais são medicações amplamente utilizadas. Um estudo recente de uma importante revista médica demostrou o impacto do seu uso sobre o câncer de mama.

 

Os anticoncepcionais

Os anticoncepcionais são formulações hormonais a base de estrogênio e/ou progesterona, que podem ser orais, injetáveis ou locais (dispositivos intrauterinos – DIUs –  neste último caso) . Atualmente, estima-se que 140 milhões de mulheres façam uso de contracepção hormonal no mundo. No entanto, ainda há muita discussão com relação aos potenciais malefícios dessa modalidade de tratamento, principalmente em relação ao câncer de mama em mulheres jovens.

 

Anticoncepcional e o câncer de mama

O estudo mais recente sobre o assunto acompanhou aproximadamente 1,8 milhões de mulheres jovens na Dinamarca (entre 15 e 49 anos) por um período de 14 anos. É o maior estudo em mulheres jovens abordando esse tema.

O resultado confirmou o que algumas publicações já haviam demonstrado: as mulheres que usaram anticoncepcional hormonal de forma prolongada apresentaram 20% a mais chance de desenvolver o câncer de mama em relação àquelas que nunca usaram.

Analisando por tempo de uso da medicação, as mulheres que usaram por menos de 1 ano não apresentaram aumento do risco. A partir dos 2 anos e principalmente após os 10 anos, o risco aumenta e esse aumento torna-se significativo, podendo chegar a 38%. Após a suspensão do anticoncepcional, as que usaram por menos de 5 anos apresentaram uma queda significativa do risco. As que usaram entre 5 a 10 anos apresentavam queda do risco somente após 10 anos de pausa. Já as mulheres que usaram por mais de 10 anos, não apresentaram redução do risco de câncer de mama.

Com relação as formulações, todas as estudadas, inclusive as liberadas através de DIU, aumentaram o risco de desenvolver o câncer de mama.

 

Devo interromper o uso de anticoncepcional?

A resposta é NÃO. Esse estudo é muito importante para conhecermos melhor os anticoncepcionais hormonais e poder discutir riscos e benefícios. Mas o estudo não aborda os benefícios já conhecidos dessas medicações, tais como: controle da endometriose, de dor pélvica e do fluxo menstrual, prevenção de gravidez, redução do risco de câncer de intestino, ovário e de útero. Alguns estudos, inclusive, sugerem que o uso por mais de 5 anos de anticoncepcionais poderia reduzir a chance de ter câncer em geral.

Em resumo, o risco de desenvolver câncer de mama com menos de 35 anos, em pessoas sem fatores de risco, é muito pequeno, por volta de 0,1%. O aumento de 20% resultaria em um risco de 0,12%, ou seja, um aumento pequeno e mantendo a chance de ter câncer, nessa faixa etária, muito baixa. Nas mulheres acima de 40 anos, a chance de ter câncer passaria de 0,6% para 0,7%, um salto maior que nas mulheres mais jovens, mas ainda mantendo a chance baixa.

Menos de 1 ano de uso não aumentaria o risco, assim como naquelas que usaram por até 5 anos, a suspensão da terapia resultaria na anulação do risco.

Não há atualmente uma formulação que não aumente o risco de câncer de mama. Todas, inclusive os DIUs com liberação de hormônio, aumentam o risco.

Esse estudo é um importante alerta para o uso de anticoncepcionais, principalmente nas mulheres que possuem alto risco de câncer de mama. Lembre-se que medidas simples podem ajudar na prevenção. Discuta com seu médico os riscos e benefícios de usar essas medicações. Fique atenta!

 

Fonte:  N Engl J Med 2017; 377:2228-2239
            N Engl J Med 2017; 377:2276-2277
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