Glioblastoma tem cura?

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

O conhecido senador dos Estados Unidos John MacCaine, considerado herói da Guerra do Vietnã, é mais uma vítima do Glioblastoma.

O Glioblastoma ou GBM é o tumor maligno do cérebro mais comum nos adultos. De uma classificação de 1 (I) a 4 (IV), o Glioblastoma é classificado como IV, ou seja, possui a maior agressividade e é considerado incurável.

Estima-se que somente em 2018, dos quase 10 mil novos casos de tumores malignos do sistema nervoso central, aproximadamente 7 mil sejam Glioblastomas. Os sintomas mais comuns desse tipo de malignidade são:

  • Dor de cabeça – 50 a 60% dos casos
  • Crises convulsivas – 20 a 50% dos casos
  • Déficits neurológicos : perda de memória, fraqueza em um braço ou perna, dificuldade de fala, alteração de comportamento – 10 a 40% dos casos

Vale ressaltar que o Glioblastoma é um tumor raro e, se você apresenta ou apresentou algum desses sintomas, provavelmente não será relacionado ao tumor. Mesmo assim é importante consultar um especialista para avaliação.

Existem basicamente 2 tipos de GBMs:

  • Primários: Surgem já como glioblastomas, são mais comuns, principalmente em idosos, e agressivos.
  • Secundários: Surgem da transformação dos  tumores grau I, II ou III em grau IV. São menos comuns, mas respondem melhor ao tratamento

Avançamos muito no tratamento do GBM, mas ele ainda é considerado paliativo (tratamento para controle da doença, sem possibilidade de cura). Após uma avaliação criteriosa do oncologista, levando em consideração o estado clínico do paciente, característica da imagem e alterações moleculares do tumor, o tratamento pode envolver:

– Cirurgia: Papel fundamental no controle da doença. Deve ser realizado por neurocirurgião experiente para melhores resultados. Quase a totalidade dos GBMs não serão ressecados por completo, por isso a importância de o cirurgião reconhecer a região abordada para não haver prejuízo maior, principalmente sequelas neurológicas ao paciente e impossibilitar os tratamentos subsequentes.

– Radioterapia: Normalmente empregada após a cirurgia. Tem papel importe em reduzir o tumor que não foi retirado e evitar o retorno do seu crescimento.

– Quimioterapia: Iniciado e conjunto com a radioterapia, normalmente com uso de comprimidos orais chamados temozolamida. Tem papel semelhante a radioterapia, mas estudos confirmam que paciente que fazem uso também da quimioterapia vivem mais.

– Campos de tratamento de tumor (novoTTF): Ondas elétricas entregues através de um capacete usado diariamente que atua reduzindo o tumor, evitando seu crescimento e aumentando a sobrevida. Este tratamento ainda não está disponível no Brasil.

 

A arte no tratamento do Glioblastoma é possibilitar que a pessoa conviva com a doença sem sequelas incapacitantes. O uso indiscriminado de tratamento em fases muito avançadas é considerado uma medida fútil e que somente acarretará angústia e sofrimento para o paciente e seus familiares. O Senador Americano John MacCaine  continuou exercendo suas atividades como parlamentar durante seu tratamento e optou em passar seus últimos momentos de vida com a família em sua casa, sabendo que o tratamento não acrescentaria mais benefício. É de fundamental importância que o momento de interromper o tratamento oncológico seja discutido e que a dignidade do individuo seja preservada. Converse com o Oncologista.

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