O papel do Helicobacter pylori no câncer de estômago

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

Milhares de pessoas estão infectadas pelo Helicobacter pylori, uma bactéria capaz de causar uma série de patologias, incluindo o câncer.

Conhecendo a bactéria

O Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria conhecida há mais de 100 anos. Através de uma habilidade especial, ela é capaz de sobreviver no ambiente ácido do estômago, uma das nossas principais defesas contra agentes externos. A interação dessa bactéria com as células do estômago pode gerar um processo inflamatório crônico, responsável por diversas patologias, incluindo gastrite, úlceras, linfoma e o próprio câncer.

Por mais que tenhamos evoluído bastante, ainda desconhecemos como adquirimos essa bactéria. Felizmente sua erradicação é uma realidade quando realizado o tratamento correto, que é baseado no uso de antibióticos e de inibidores de bomba de prótons.

 

Estudo reforça relação da H. pylori com o câncer de estômago

Um estudo publicado por um grupo coreano ajudou a corroborar a hipótese de que o H. pylori pode causar o câncer de estômago.

1350 pessoas infectadas pelo H. pylori e que passaram por uma ressecção de um câncer de estômago inicial  foram selecionadas para receber o tratamento contra a bactéria ou apenas seguimento. Aquelas que realizaram o tratamento proposto apresentaram 50% menos chance de desenvolver outros cânceres de estômago em um período de seguimento médio de 6 anos.

 

Todo mundo deve passar por rastreio e tratar a bactéria?

O resultado desse estudo reforça a evidência da relação entre o H. pylori e o câncer de estômago. Acredita-se que esta bactéria esteja associada a quase 90% desses cânceres. Em alguns estudos, o tratamento em massa da bactéria tem demonstrado diminuição dos casos novos em populações consideradas de alto risco. O impacto real dessas medidas na nossa população ainda é desconhecido, pois a maioria dos estudos é feita em países orientais, onde o câncer de estômago possuiu uma prevalência muito maior e um mecanismo de desenvolvimento provavelmente diferente do nosso.

Além disso, sabemos que essa bactéria não é a única responsável, pois existe uma quantidade enorme de pessoas infectadas e uma minoria desenvolve a doença. Tal dado sugere que o H. pylori pode na verdade potencializar lesões induzidas por outros fatores,  como por exemplo a ingestão de alimentos condimentados e tabagismo.

Ainda não sabemos se todas as pessoas devem ser rastreadas e tratadas. No entanto, se a bactéria estiver causando processo inflamatório, lesões pré-malignas ou até mesmo o câncer, como demonstrado no estudo, o paciente deverá receber tratamento.

O mais importante é sempre discutir os riscos e benefícios do rastreio e tratamento com seu médico.

 

 

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