O consumo de refrigerante causa câncer?

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

Especialistas de diversas áreas concordam que o consumo excessivo de refrigerantes está associado a vários problemas de saúde, incluindo o ganho de peso, má saúde dentária, diabetes, doenças cardiovasculares e muito mais. Algumas dessas condições de saúde, por sua vez, podem aumentar o risco de câncer.

Para entendermos os principais efeitos negativos dos refrigerantes é importante conhecermos alguns dos componentes de suas fórmulas e como são fabricados.

 

Carbonatação

Os refrigerantes são considerados bebidas carbonatadas por causa do ingrediente ativo CO2. Quando o CO2 é submetido a altas pressões na água, o processo de dissolução cria as conhecidas bolhas efervescentes. Um subproduto da dissolução de CO2 é o ácido carbônico, que se torna muito mais ácido quando combinado com os agentes aromatizantes da maioria dos refrigerantes, causando problemas de saúde dentária, como a desmineralização do esmalte dental que facilita as cáries.

Atualmente não há evidências que sugiram que a carbonatação esteja associada ao aumento do risco de câncer. No entanto, certos sintomas associados ao câncer e ao próprio tratamento, como gases, inchaço, azia ou refluxo, podem ser exacerbados com o consumo de grandes quantidades de bebidas carbonatadas.

 

Açúcares adicionados

Muitos alimentos saudáveis têm açúcar, como as frutas. Nosso corpo precisa de açúcar para criar glicose, que é nossa principal fonte de energia. Mas a maioria das pessoas consome muito mais açúcar do que seu corpo precisa, muitas vezes devido à ingestão de alimentos e bebidas com adição de açúcar, como o refrigerante.  Uma lata de refrigerante tem em média 39 gramas de açúcar. Muitas sociedades recomendam que mulheres consumam menos de 25 gramas de açúcares adicionados por dia e os homens, 36. Portanto, consumir apenas uma lata de refrigerante significa que você excedeu sua cota diária de açúcar.

Quando o açúcar entra na corrente sanguínea, o pâncreas libera insulina para converter o açúcar em glicose como energia. Com o tempo, e especialmente se o indivíduo estiver acima do peso, as células do nosso corpo que usam glicose podem se tornar resistentes à insulina. Embora a razão dessa resistência seja em grande parte desconhecida, o efeito resultante é que há muito açúcar na corrente sanguínea. Se os níveis de glicose no sangue permanecerem elevados, você poderá desenvolver diabetes. Quando o açúcar não é convertido em glicose para gerar energia, o corpo não pode usá-lo; o fígado então metaboliza o excesso de açúcar e produz triglicerídeos, que serão absorvidos pelas células de gordura. Em essência, quando consumimos mais açúcar do que o nosso corpo precisa, ele é armazenado na forma de gordura.

A resistência à insulina e o consumo excessivo de açúcar contribuem para o ganho de peso e a obesidade. Acredita-se que as condições associadas à obesidade, incluindo resistência à insulina e inflamação crônica, desempenhem um papel no desenvolvimento do câncer. A obesidade tem sido associada a pelo menos treze tipos diferentes de câncer.

 

Adoçantes artificiais e aditivos

A alternativa ao refrigerante natural é o refrigerante dietético. Este não contém calorias nem açúcar, mas sim adoçantes artificiais, incluindo o aspartame, um dos adoçantes artificiais mais usados, cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar. Outros adoçantes artificiais são o acessulfame de potássio (ace-K), comumente encontrado em bebidas “saudáveis”, e  a sacarina. Embora as primeiras pesquisas tenham sugerido que a sacarina estava ligada ao câncer em ratos de laboratório, este achado não se confirmou em humanos. Até o momento, as agências regulatórias consideram a sacarina não cancerígena.

Estudos que examinaram o efeito dos adoçantes artificiais apresentaram resultados conflitantes: alguns observaram que bebidas adoçadas artificialmente ajudam na perda de peso ,enquanto outros mostraram que os adoçantes artificiais podem desencadear desejos de açúcar, muitas vezes resultando em ganho de peso . Estudos mais recentes estão examinando a relação entre adoçantes artificiais e resistência à insulina e diabetes.

Adoçantes artificiais também têm sido associados à diarreia, sintoma que muitos pacientes com câncer já experimentam como um efeito colateral da quimioterapia.

 

Como reduzir seu risco

Embora não exista uma relação direta entre o consumo de refrigerante e o câncer, é importante estar ciente das consequências do consumo excessivo deste alimento para a sua saúde em geral.  Evitar o consumo excessivo de açúcar reduz a chance de sobrepeso, que, por sua vez, é uma forma de prevenir o câncer, além de doenças cardiovasculares.

 

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