Tumores cerebrais de baixo e alto grau: saiba como diferenciá-los.

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

Os tumores cerebrais são graduados de 1 a 4 com base nas anormalidades de suas células visto ao microscópio (necrose, proliferação celular etc). O grau 1 é o menos maligno, possuindo menos anormalidades, enquanto o grau 4 é o mais maligno, apresentando mais anormalidades. Um mesmo tumor pode conter células de diferentes graus, mas é sempre classificado de acordo com as de maior grau.


Os tumores que se originam no cérebro possuem uma característica distinta daqueles que surgem em outras partes do corpo: eles raramente se disseminam para outros órgão. Diferentemente da forma como estadiamos os outros tipos de neoplasias, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica os tumores cerebrais em graus 1, 2, 3 e 4. O objetivo desse sistema de classificação é indicar a provável taxa de crescimento do tumor e a probabilidade de disseminação dentro do cérebro, informações usadas no planejamos do tratamento e na previsão de resultados.

 

Os graus são frequentemente atribuídos aos gliomas, que são tumores que se desenvolvem a partir de células gliais. Estas células normalmente têm a função de prestar suporte aos neurônios e são encontradas por todo o sistema nervoso, tanto no cérebro quanto na medula e nos nervos. Os gliomas representam cerca de 30% de todos os tumores cerebrais e cerca de 80% de todos os tumores cerebrais malignos.

 

Os gliomas grau 1 e 2 são denominados de baixo grau visto que suas células são bem diferenciadas, exibem tendências menos agressivas e têm melhor prognóstico. Por outro lado, os gliomas grau 3 e 4 são considerados de alto grau pois suas células são indiferenciadas e altamente malignas, determinando um pior prognóstico.

 

Gliomas de baixo grau

 

Os tumores grau 1 são associados a uma longa sobrevida, crescem lentamente e são mais comuns em crianças.  Geralmente não necessitam de terapia adicional após a cirurgia e, muitas vezes, nem mesmo a cirurgia é necessária, adotando-se uma conduta expectante. Um exemplo de um tumor de grau I é o astrocitoma pilocítico.

 

Os tumores grau 2 são um pouco mais agressivos que os grau 1. Alguns deles podem disseminar-se em tecido normal próximo e transformar-se em um tumor de grau superior. Tumores grau 2 podem ou não necessitar de terapia adicional após a cirurgia. Um exemplo deste tipo de tumor é o oligodendroglioma difuso.

 

Gliomas de alto grau

 

Os tumores grau 3 são por definição malignos pois apresentam células anormais que crescem rapidamente e invadem o tecido adjacente. Os tumores grau 3 e 4 sempre requerem terapia adicional após a cirurgia, geralmente necessitando de radioterapia e quimioterapia. Mesmo com tratamento adequado, eles tendem a recorrer e muitas vezes transformam-se em um grau 4. Um exemplo de um tumor de grau 3 é o astrocitoma anaplásico.

 

Os tumores grau 4 são os tumores cerebrais mais malignos e agressivos. Suas células são altamente anormais quando vistas pelo microscópio, recrutando novos vasos sanguíneos para manter seu rápido crescimento. O Glioblastoma é o tumor cerebral grau 4 mais comum.

O classificação da OMS é o primeiro passo para entendermos esses tumores tão complexos.  No entanto, a realização de testes moleculares e uma interpretação correta dos exames de imagem são fundamentais para indicarmos o melhor tratamento, com o menor efeito colateral possível.

 

 

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