Milhares de pessoas estão infectadas pelo Helicobacter pylori, uma bactéria capaz de causar uma série de patologias, incluindo o câncer.
Conhecendo a bactéria
O Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria conhecida há mais de 100 anos. Através de uma habilidade especial, ela é capaz de sobreviver no ambiente ácido do estômago, uma das nossas principais defesas contra agentes externos. A interação dessa bactéria com as células do estômago pode gerar um processo inflamatório crônico, responsável por diversas patologias, incluindo gastrite, úlceras, linfoma e o próprio câncer.
Por mais que tenhamos evoluído bastante, ainda desconhecemos como adquirimos essa bactéria. Felizmente sua erradicação é uma realidade quando realizado o tratamento correto, que é baseado no uso de antibióticos e de inibidores de bomba de prótons.
Estudo reforça relação da H. pylori com o câncer de estômago
Um estudo publicado por um grupo coreano ajudou a corroborar a hipótese de que o H. pylori pode causar o câncer de estômago.
1350 pessoas infectadas pelo H. pylori e que passaram por uma ressecção de um câncer de estômago inicial foram selecionadas para receber o tratamento contra a bactéria ou apenas seguimento. Aquelas que realizaram o tratamento proposto apresentaram 50% menos chance de desenvolver outros cânceres de estômago em um período de seguimento médio de 6 anos.
Todo mundo deve passar por rastreio e tratar a bactéria?
O resultado desse estudo reforça a evidência da relação entre o H. pylori e o câncer de estômago. Acredita-se que esta bactéria esteja associada a quase 90% desses cânceres. Em alguns estudos, o tratamento em massa da bactéria tem demonstrado diminuição dos casos novos em populações consideradas de alto risco. O impacto real dessas medidas na nossa população ainda é desconhecido, pois a maioria dos estudos é feita em países orientais, onde o câncer de estômago possuiu uma prevalência muito maior e um mecanismo de desenvolvimento provavelmente diferente do nosso.
Além disso, sabemos que essa bactéria não é a única responsável, pois existe uma quantidade enorme de pessoas infectadas e uma minoria desenvolve a doença. Tal dado sugere que o H. pylori pode na verdade potencializar lesões induzidas por outros fatores, como por exemplo a ingestão de alimentos condimentados e tabagismo.
Ainda não sabemos se todas as pessoas devem ser rastreadas e tratadas. No entanto, se a bactéria estiver causando processo inflamatório, lesões pré-malignas ou até mesmo o câncer, como demonstrado no estudo, o paciente deverá receber tratamento.
O mais importante é sempre discutir os riscos e benefícios do rastreio e tratamento com seu médico.