Um em cada dois homens e uma em cada três mulheres desenvolverão algum tipo de câncer durante suas vidas. Isso faz com que o câncer seja uma das doenças mais comuns no mundo, particularmente nas pessoas mais velhas.
O câncer é comum porque sua origem está diretamente ligado ao nosso DNA. Sempre que uma célula se divide, ela fará uma cópia perfeita de seu DNA para passar para suas células-filhas. Com há dezenas de trilhões de células no corpo, algumas se dividindo várias vezes ao dia, a chance de surgir um erro durante sua duplicação de DNA é significativa. Esses erros podem ser potencializados por fatores externos, como a radiação, ou internos, como o próprio envelhecimento celular.
Tais erros podem assumir várias formas: mutações, nas quais as bases nitrogenadas (estruturas que compõem o DNA) foram inseridas em um local incorreto do DNA; alterações no número de cópias, em que regiões do DNA estão faltando ou estão duplicadas; e translocações, em que segmentos de DNA são unidos em locais errados. Muitas vezes, tais erros não têm efeito algum, porém, se eles ocorrem em genes associados ao câncer, a célula pode começar a crescer de forma descontrolada.
As células têm várias maneiras de responder a esses erros. Se forem encontradas irregularidades, elas poderão ser corrigidas ou, se os erros forem muito extensos para correção, a célula poderá se autodestruir para o bem do corpo. O sistema imunológico fornece outra linha de defesa contra o câncer: identifica e elimina células que mostram alterações cancerígenas. Entretanto, por uma variedade de razões, os sistemas internos de controle de qualidade das células e o sistema imunológico às vezes falham, permitindo que as células potencialmente cancerígenas sobrevivam e transmitam seu DNA repleto de erros para suas células-filhas.
À medida que esses descendentes se multiplicam, podendo ainda captar anomalias genéticas adicionais, eles transformam-se em células cancerígenas. Com o tempo, essas células rebeldes acumulam-se e formam um tumor. Um dos motivos pelos quais o câncer é comum em idosos é que, com o passar dos anos, o indivíduo acumula mais divisões celulares e, consequentemente, mais oportunidades de erros. A prevalência do câncer, portanto, é uma questão de probabilidade: a chance de que uma anormalidade genética ocorra em uma célula específica é minúscula, mas considerando que há trilhões de células multiplicando-se ao longo da vida, as chances de ocorrência de câncer aumentam significativamente.
É importante ressaltar que nem todas as alterações que surgem no DNA são prejudiciais. Na verdade, a evolução das espécies depende em parte desses “erros”. Se um animal herda uma variante genética que resulta em músculos mais fortes, pode ser mais capaz de escapar dos predadores, com maior probabilidade de sobrevivência . Assim passaria sua vantagem genética para seus descendentes e assim surgiria uma linhagem mais rápida que a prévia. O câncer, infelizmente, é o lado ruim dessas alterações genéticas.
Em resumo, o câncer é comum porque as alterações genéticas são comuns. O mesmo processo que permite que as criaturas se adaptem melhor ao seu ambiente e vivam mais podem colocar as células cancerosas em seu curso de evolução.