
A jornada de Preta Gil com o câncer reacende a conversa sobre finitude. Como olhar para a morte para viver melhor – com propósito e cuidado.
Quando o diagnóstico de câncer chega, a palavra “morte” atravessa o silêncio, mesmo que ninguém a pronuncie. A experiência pública de Preta Gil — com medo, recaídas, coragem e amor — trouxe essa conversa para a sala de estar de milhões de brasileiros. Falar de finitude não é desistir; é reorganizar prioridades, dar nome aos medos e escolher como viver o tempo disponível com mais verdade.
A história dela simboliza algo essencial: mostrar vulnerabilidades não enfraquece, aproxima. Ao compartilhar exames, dores, vitórias e recaídas, Preta normalizou o que tantos vivem em silêncio. Tratamento não é só quimioterapia ou cirurgia; é também cuidado emocional, espiritual, social. É perguntar diariamente: “O que dá sentido ao meu dia hoje?”
Vida e morte: duas faces do mesmo tempo
Pensar na morte não atrai tragédia; atrai clareza. É por saber que tudo termina que o presente fica mais nítido. O medo faz parte e deve ser acolhido, não varrido para baixo do tapete. Falar sobre limites, desejos e valores não significa abrir mão de tratamento, e sim fortalecê-lo com propósito.
Conversas difíceis, mas libertadoras
Comece simples: diga o que sente e o que deseja. “Quero estar em casa”, “Tenho medo de sofrer”, “Preciso de ajuda para dormir”. Definir o que é qualidade de vida para você evita que outros decidam por suposições. E, se for possível, registre isso por escrito (diretivas antecipadas). Psicólogos, paliativistas e assistentes sociais podem facilitar esse diálogo quando a família não consegue.
Pequenos gestos que mudam o dia
Rituais cotidianos — um café devagar, uma música preferida, um banho de sol — reencantam a rotina. Criar memórias intencionais (cartas, vídeos, áudios) transforma o tempo em legado. Exercício físico adaptado melhora humor e autonomia. Contato com pessoas queridas, arte, natureza e espiritualidade alimenta mais do que calorias. Celebrar um exame estável, uma noite sem dor ou um abraço longo não é ingenuidade: é resistência.
Quando buscar apoio emocional urgente
Se surgirem ideias de que “não vale a pena continuar”, crise de pânico frequente, insônia persistente, isolamento total ou culpa paralisante, procure ajuda profissional imediatamente. Cuidar da mente é parte do tratamento. Sempre.
Cuidado paliativo não é fim — é cuidado
Cuidado paliativo é uma abordagem que prioriza conforto, controle de sintomas e qualidade de vida desde o diagnóstico, junto ao tratamento oncológico. Não é sinônimo de “parar tudo”, mas de viver melhor, com menos dor e mais sentido.
Para levar
Você não é sua doença. Sempre há algo a ser cuidado, mesmo quando não há cura. Falar sobre morte é, no fundo, um jeito de escolher melhor como viver.
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