
Vigilância Ativa: A “terceira via” inovadora para o câncer de próstata de baixo risco. Descubra como monitorar de perto sem cirurgia ou radioterapia, preservando sua qualidade de vida e evitando efeitos colaterais.
Em nossas discussões recentes sobre o Dilema do PSA e o Sobrediagnóstico, ficou claro que nem todo câncer de próstata precisa de tratamento imediato e agressivo. E é exatamente aí que entra um conceito fundamental e cada vez mais adotado: a Vigilância Ativa.
Para muitos homens, a Vigilância Ativa representa uma “terceira via” – um caminho seguro e eficaz que evita os efeitos colaterais da cirurgia e da radioterapia, sem comprometer a chance de cura, para casos selecionados de câncer de próstata.
O Que é a Vigilância Ativa?
A Vigilância Ativa é uma estratégia de manejo para o câncer de próstata de baixo risco, onde o tumor é monitorado de perto e regularmente, em vez de ser tratado imediatamente. O objetivo é adiar ou evitar tratamentos desnecessários (e seus efeitos colaterais) para cânceres que provavelmente nunca causarão problemas significativos na vida do homem.
A ideia central é: “Se o câncer não está progredindo e não é agressivo, por que tratar e correr o risco de efeitos colaterais?”
Como Funciona a Vigilância Ativa?
Pacientes em Vigilância Ativa são acompanhados de perto com um protocolo rigoroso que geralmente inclui:
- Exames de PSA Regulares: Geralmente a cada 3 a 6 meses para monitorar a proteína no sangue.
- Ressonância Magnética Multiparamétrica (RMmp) da Próstata: Pode ser realizada periodicamente (por exemplo, a cada 1 ou 2 anos) para monitorar o tamanho do tumor e sua agressividade.
- Biópsias de Repetição: Podem ser necessárias a cada 1 a 3 anos para reavaliar a biologia do tumor e garantir que ele não se tornou mais agressivo (upgrading ou upstaging).
A intervenção (cirurgia ou radioterapia) só é considerada se houver evidência de que o câncer está crescendo, se tornando mais agressivo, ou se o paciente expressar desejo de tratar.
Quem é Candidato à Vigilância Ativa?
A Vigilância Ativa não é para todos os casos de câncer de próstata. Ela é indicada para homens com cânceres de muito baixo ou baixo risco, caracterizados por:
- Estágio Clínico: Tumor confinado à próstata (estágio clínico T1 ou T2a).
- PSA: Níveis de PSA relativamente baixos (geralmente < 10 ng/mL).
- Gleason Score: Um escore de Gleason baixo (geralmente 6 ou, em alguns casos selecionados, 3+4=7 com pouca representação do padrão 4). O Gleason é a medida da agressividade do tumor.
- Número de Fragmentos Positivos: Poucas amostras da biópsia contendo câncer.
É crucial que o médico faça uma avaliação muito criteriosa e utilize todos os dados disponíveis para selecionar os candidatos ideais.
Os Benefícios da Vigilância Ativa: Qualidade de Vida em Primeiro Lugar
A grande vantagem da Vigilância Ativa é a preservação da qualidade de vida.
- Evita Efeitos Colaterais: Homens em Vigilância Ativa não sofrem de incontinência urinária, disfunção erétil ou problemas intestinais que podem advir de tratamentos radicais.
- Reduz Ansiedade: Apesar do monitoramento, muitos pacientes relatam menos ansiedade por evitar uma cirurgia ou radioterapia desnecessária.
- Tratamento Curativo Preservado: Caso o câncer mostre sinais de progressão, as opções de tratamento curativo (cirurgia ou radioterapia) ainda estão disponíveis e são igualmente eficazes.
É importante ressaltar que a Vigilância Ativa não é “espera vigilante” (watchful waiting), que é uma abordagem paliativa para homens com baixa expectativa de vida. A Vigilância Ativa é uma estratégia ativa de manejo, com intenção curativa se necessária.
Tomando a Decisão: Uma Conversa Essencial
A decisão de entrar em Vigilância Ativa é altamente pessoal e deve ser tomada em conjunto com seu urologista/oncologista, após uma discussão aprofundada sobre os riscos e benefícios. É fundamental que o paciente se sinta confortável com o plano e esteja engajado no monitoramento regular.
A Vigilância Ativa é um avanço significativo na oncologia, permitindo que muitos homens vivam vidas plenas e sem os fardos de um tratamento desnecessário, provando que, às vezes, a melhor ação é monitorar e agir apenas quando for realmente preciso.

Ainda sem comentários. Seja o primeiro a comentar!