Inteligência artificial e o câncer de mama

Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Oncologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente atua como oncologista clínico no Hospital UDI - São Luís - MA, no Centro de Oncologia do Maranhão -São Luís - MA e no Hospital do Câncer Aldenora Bello - São Luís - MA.

Vivemos em uma era na qual a tecnologia participa cada dia mais de nossas vidas. Saiba como a inteligência artificial pode potencializar o diagnóstico do câncer de mama.

Todos os anos, quase 60 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de mama no Brasil. A mamografia é o exame que trouxe grande avanço no diagnóstico precoce, diminuição da mortalidade, e hoje amplamente disponível. Infelizmente essa modalidade de exame não é perfeita, muitas vezes apresentando resultado falso positivo que podem levar a biópsias e cirurgias desnecessárias.

Uma causa comum de falso positivo é a chamada lesão de “alto risco” que parece suspeita na mamografia e possui células  anormais  quando testadas por biópsia com agulha. Neste caso, o paciente geralmente é submetido à cirurgia para retirada da lesão. No entanto, estas lesões mostram-se benignas em 90 por cento dos casos. Isso significa que todos os anos, milhares de mulheres passam  por cirurgias  desnecessárias, caras, dolorosas e que podem deixar cicatrizes indesejadas.

 

O estudo

Em um estudo publicado este ano, um grupo de pesquisadores americanos levantou 1006 casos de lesões mamárias de alto risco após biópsia mamária. Dessas, somente 11,4% de fato eram lesões cancerosas. Simplificadamente, eles “ensinaram” características sugestivas de malignidade,  mostrando para o computador imagens de 671 mamografias desses lesões de alto risco. Ao realizar análise dessas imagens, o computador pôde desenvolver associações muitas vezes complexas para o cérebro humano. E, finalmente, ele  foi testado em 335 casos de alto risco, conseguindo diagnosticar 37 dos 38 casos de câncer (97,4% de acerto), e descartar com certeza 91 dos 295 casos benignos (30,6%). Desta forma, o computador otimizou o diagnóstico daquelas que realmente tinham câncer e evitaria cirurgia em quase 1/3 dos casos.

 

Qual a importância do estudo

Não temos um teste diagnóstico perfeito. Muitas vezes desejamos exames mais modernos, mas tanto o desenvolvimento quanto a incorporação de novas tecnologias é lenta. A inteligência artificial é hoje uma realidade que veio para somar. O estudo demonstra que seu uso pode melhorar e muito a capacidade de diagnóstico de muitos exames que usamos diariamente. Milhares de mulheres podem se beneficiar dessa tecnologia, com dados mais precisos com relação a possibilidade de câncer e podendo evitar procedimentos desnecessários.

 

Fonte: Radiology

 

 

 

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