Sabemos que o câncer de mama não é uma doença só, e sim uma doença heterogênea e complexa. Felizmente já avançamos muito e a conhecemos melhor, o que permitiu classificá-la em diversos tipos com implicações diretas no tratamento.
Como classificamos?
Somente conseguimos classificar o câncer de mama após retirar uma porção para análise do patologista, o que pode ser feito por biópsia ou através da cirurgia. Mesmo com os exames de imagem mais modernos, não conseguimos dizer com certeza se uma lesão é câncer e nem o seu subtipo.
O principal tipo de câncer de mama é o carcinoma mamário invasivo tipo não especial, que veio substituir o que chamávamos previamente de carcinoma ductal invasivo. Esse tipo é responsável por 70 a 80 % de todos os tumores malignos de mama. Complicando um pouco mais, utilizamos 2 outros parâmetros para classificá-los: a presença de receptores hormonais, que são os receptores de estrogênio e progesterona, e dos receptores HER2.
Quais os principais tipos?
Baseando-se nos receptores, classificamos o câncer de mama em 3 grandes grupos:
– Os receptores de hormonais positivos e HER2 negativo
– Os receptores de hormonais positivo ou negativos e HER2 positivo
– Aqueles conhecidos como triplo negativos, que não apresentam nenhum dos receptores.
Dentro desses subgrupos ainda conseguimos utilizar outros parâmetros para subclassificar os tumores, mas esse assunto ficará para outra publicação.
Qual a importância de se classificar?
A classificação do tumor de mama é fundamental pois tem impacto direto na condução adequada do tratamento oncológico. Simplificadamente, os tumores com receptores hormonais positivos possuem uma evolução mais favorável e no seu tratamento utilizamos uma modalidade de drogas efetivas e com poucos efeitos colaterais: o tratamento hormonal. Este também é conhecido como hormonioterapia, sendo o tamoxifeno o exemplo mais conhecido. No entanto, existem outros tratamentos hormonais utilizados, além da própria quimioterapia.
Os tumores HER2 positivo possuem uma característica mais agressiva, porém já dispomos de estratégias efetivas para bloquear este receptor. Nesses subtipos podemos usar a terapia alvo, com o uso de medicamentos como o Trastuzumabe e o Pertuzumabe, que possuem capacidade de atuação em um só receptor.
Os tumores triplo negativos são os mais agressivos, e nestes casos não utilizamos nem a hormonioterapia nem terapia alvo anti-HER2. Como este tipo de câncer não possui os receptores citados acima, seu tratamento oncológico é baseado em quimioterapia.