Glioblastoma tem cura?

O conhecido senador dos Estados Unidos John MacCaine, considerado herói da Guerra do Vietnã, é mais uma vítima do Glioblastoma.

O Glioblastoma ou GBM é o tumor maligno do cérebro mais comum nos adultos. De uma classificação de 1 (I) a 4 (IV), o Glioblastoma é classificado como IV, ou seja, possui a maior agressividade e é considerado incurável.

Estima-se que somente em 2018, dos quase 10 mil novos casos de tumores malignos do sistema nervoso central, aproximadamente 7 mil sejam Glioblastomas. Os sintomas mais comuns desse tipo de malignidade são:

  • Dor de cabeça – 50 a 60% dos casos
  • Crises convulsivas – 20 a 50% dos casos
  • Déficits neurológicos : perda de memória, fraqueza em um braço ou perna, dificuldade de fala, alteração de comportamento – 10 a 40% dos casos

Vale ressaltar que o Glioblastoma é um tumor raro e, se você apresenta ou apresentou algum desses sintomas, provavelmente não será relacionado ao tumor. Mesmo assim é importante consultar um especialista para avaliação.

Existem basicamente 2 tipos de GBMs:

  • Primários: Surgem já como glioblastomas, são mais comuns, principalmente em idosos, e agressivos.
  • Secundários: Surgem da transformação dos  tumores grau I, II ou III em grau IV. São menos comuns, mas respondem melhor ao tratamento

Avançamos muito no tratamento do GBM, mas ele ainda é considerado paliativo (tratamento para controle da doença, sem possibilidade de cura). Após uma avaliação criteriosa do oncologista, levando em consideração o estado clínico do paciente, característica da imagem e alterações moleculares do tumor, o tratamento pode envolver:

– Cirurgia: Papel fundamental no controle da doença. Deve ser realizado por neurocirurgião experiente para melhores resultados. Quase a totalidade dos GBMs não serão ressecados por completo, por isso a importância de o cirurgião reconhecer a região abordada para não haver prejuízo maior, principalmente sequelas neurológicas ao paciente e impossibilitar os tratamentos subsequentes.

– Radioterapia: Normalmente empregada após a cirurgia. Tem papel importe em reduzir o tumor que não foi retirado e evitar o retorno do seu crescimento.

– Quimioterapia: Iniciado e conjunto com a radioterapia, normalmente com uso de comprimidos orais chamados temozolamida. Tem papel semelhante a radioterapia, mas estudos confirmam que paciente que fazem uso também da quimioterapia vivem mais.

– Campos de tratamento de tumor (novoTTF): Ondas elétricas entregues através de um capacete usado diariamente que atua reduzindo o tumor, evitando seu crescimento e aumentando a sobrevida. Este tratamento ainda não está disponível no Brasil.

 

A arte no tratamento do Glioblastoma é possibilitar que a pessoa conviva com a doença sem sequelas incapacitantes. O uso indiscriminado de tratamento em fases muito avançadas é considerado uma medida fútil e que somente acarretará angústia e sofrimento para o paciente e seus familiares. O Senador Americano John MacCaine  continuou exercendo suas atividades como parlamentar durante seu tratamento e optou em passar seus últimos momentos de vida com a família em sua casa, sabendo que o tratamento não acrescentaria mais benefício. É de fundamental importância que o momento de interromper o tratamento oncológico seja discutido e que a dignidade do individuo seja preservada. Converse com o Oncologista.

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